Vem entender o que é comunicação não-violenta e como ela pode mudar sua rotina pessoal e profissional
O conceito de comunicação pode ser resumido como um processo de troca de informações entre duas ou mais pessoas e uma das melhores maneiras de transmitir uma mensagem é através da comunicação não-violenta.
Sabe-se que a comunicação é um processo social primário e que, independentemente do lugar que você veio ou esteja, ela é necessária. E, justamente por esse motivo, é imprescindível se comunicar de modo compreensivo e sem ofensas.
O fluxo da comunicação
A comunicação não-violenta facilita qualquer tipo de relação, tanto entre pessoas físicas quanto entre empresas, organizações da sociedade civil, órgãos governamentais, entre outros.
Por isso, não importa onde você esteja ou de onde veio, ela é uma habilidade indispensável que pode ser aprendida por qualquer pessoa.
Mas, afinal, o que é a tal de comunicação não-violenta? Neste artigo, vamos explicar o que é, quando e onde surgiu, a importância e como aplicá-la nas empresas.
Comunicação não-violenta: afinal, o que é?
A comunicação não-violenta (CNV) pode ser definida como um conjunto de habilidades de comunicação verbal, tanto escrita quanto falada, e também não verbal, como gestos, expressões faciais ou corporais, imagens ou códigos. Esse conjunto busca estabelecer uma conexão consciente através da empatia e compaixão para fortalecer as conexões humanas.
Quando utilizamos essas habilidades, conseguimos nos expressar com clareza, honestidade, empatia e respeito. Mas, além disso, também exercitamos o ouvir com atenção antes de simplesmente responder de imediato e inconscientemente.
Assim, quem ouve consegue enxergar o mundo a partir da perspectiva da outra pessoa, entender possíveis razões para suas atitudes e falas e reformular sua resposta com base no desejo manifestado por trás daquela ação humana.
Vale ressaltar que a comunicação não-violenta tem quatro pilares. Veja a imagem abaixo:
Imagem: Nube – Estagiários e Aprendizes
Como surgiu a Comunicação-Não Violenta?
A habilidade de comunicação não-violenta foi desenvolvida no início dos anos 1960, pelo psicólogo norte-americano Marshall Rosenberg (1934-2015), observando a utilização da resistência não-violenta de grandes líderes como Martin Luther King Jr e Gandhi.
Em 1943, após vivenciar experiências negativas na escola por ser judeu e pelo contexto social da época com os conflitos raciais nos Estados Unidos, Rosenberg começou a se preocupar com a postura defensiva e as reações por meio da violência.
A carreira acadêmica do psicólogo foi voltada ao estudo do comportamento humano violento em diversos contextos sociais, objetivando a construção de uma cultura de paz e um mundo mais justo. Nesse sentido, em 1999, lançou a primeira edição do livro Comunicação Não Violenta: Técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais.
Desde então, a comunicação não-violenta vem contribuindo e sendo utilizada para mediações de conflitos em organizações não-governamentais, empresas, escolas, etc.
Comunicação não-violenta nas empresas
A comunicação não-violenta, se aplicada com seriedade nas empresas, pode ser uma das estratégias de comunicação mais eficazes. Apesar de parecer uma realidade utópica, visto a competitividade que há no mundo corporativo, ela pode ser fundamental para mediar conflitos, abrir espaço para o diálogo e melhorar o clima organizacional.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Avon e o Papo de Homem em 2017 apontou que 64% das pessoas afirmam que o principal obstáculo para ter conversas com quem pensa diferente é a agressividade que essas conversas costumam ter. Assim, 8 em cada 10 pessoas nunca ou quase nunca têm conversas com quem pensa muito diferente.
Isso mostra que na nossa cultura é comum o medo do conflito e a busca por evitá-lo a qualquer sinal de que ele possa existir. Contudo, vale ressaltar que a manutenção do conflito é importante se feita de forma saudável e natural.
Nesse sentido, as empresas precisam desenvolver a habilidade da comunicação não-violenta como chave para a solução de problemas complexos. Assim, é possível criar um ambiente onde os colaboradores se sintam confortáveis para expressarem suas ideias, mesmo que estas sejam opostas as dos seus líderes e demais colegas.
Por fim, a comunicação não-violenta é útil na qualificação das relações dentro de uma empresa e transforma sua cultura, de maneira a aumentar a produtividade e o engajamento da equipe. Além disso, cria-se um ambiente de trabalho mais humano, transparente e inclusivo.
Sobre comunicação não-violenta:
Para exemplificar sobre comunicação não-violenta, trouxemos alguns comparativos sobre o que é e o que não é essa estratégia de comunicação:
- Comunicação é sobre convergência, vínculos, caminhos possíveis, conexões;
- Compreender é acolher outro ponto de vista. Não é necessariamente concordar, mas achar uma maneira mais positiva de expressar opiniões;
- A comunicação não-violenta é uma técnica para tornar a nossa comunicação mais positiva e ela começa com você;
- É sobre se comunicar de forma gentil. Julgamentos, ironias, sarcasmo, tom passivo-agressivo também são formas violentas de comunicação;
- Não é sobre fugir de conflitos. Conflitos, se bem geridos, são oportunidades de crescimento;
- É compreender e expressar sentimentos. Só você tem a responsabilidade de entender e traduzir o que mora em você. Autoconhecimento e maturidade emocional são ferramentas valiosas;
- É sobre identificar necessidades e criar responsabilidades. Nem sempre o que você necessita é óbvio aos outros. Nem sempre o outro será capaz de atender suas necessidades ou expectativas. E tá tudo bem;
- É sobre entender que empatia é o caminho e não a reta de chegada. Não é sentir pelo outro, é sentir com o outro.
Como implantar a comunicação não-violenta no seu negócio
Se você acredita que a comunicação não-violenta pode ajudar na sua empresa, veja 5 dicas para você implementar essa estratégia!
- Analise a cultura e a comunicação da empresa: é importante fazer um diagnóstico da cultura organizacional e entender como as pessoas se relacionam, a fim de identificar se há problemas contínuos. Mal entendidos, dificuldade para expressar opiniões, bloqueios em relação aos líderes e falta de canais de comunicação adequados, são alguns exemplos;
- Comece a mudança pela liderança: quando os líderes da organização usam a comunicação não-violenta, é natural que seus colaboradores sigam os mesmos passos;
- Invista em conteúdo, treinamentos e interações entre os colaboradores: a habilidade de se comunicar de maneira não-violenta não acontece da noite para o dia nas empresas. Será um processo de aprendizagem, onde cabe à empresa desenvolver treinamentos, capacitação e conteúdos sobre a comunicação não-violenta. Procure materiais que tragam exemplos práticos baseados em situações do dia a dia;
- Valorize a escuta corporativa: é preciso, antes de tudo, ouvir suas equipes. Crie canais de comunicação diretos para receber ideias, sugestões e também queixas;
- Crie ambientes colaborativos: por fim, a comunicação não-violenta só pode funcionar em um ambiente com a possibilidade de livre troca de ideias e compartilhamento contínuo de informações. Para isso, invista na criação de espaços colaborativos e interação recorrente entre todos os colaboradores.
Agora que você sabe mais sobre comunicação não-violenta, analise quais são as maiores dificuldades de comunicação e como você pode aplicar esses conceitos na realidade da sua empresa.
“Quando entendemos as necessidades que motivam nossos comportamentos e os dos outros, não temos inimigos.“
Marshall Rosenberg
Leana Mattei Head de Prospecção na Incentiv.me Apaixonada por gente e por ideias de um futuro melhor, tem mais de 22 anos de atuação em Sustentabilidade e Impacto Social, incluindo produção no Carnaval da Bahia e gestão de carreira junto a artistas como Carlinhos Brown, além de projetos culturais locais.